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Ex-atletas do Galo cobram R$ 1 milhão na Justiça devido a salários atrasados

Rebaixado da Série C do Brasileiro no ano passado, o River-PI ainda contabiliza prejuízos pela participação no campeonato. Um grupo de 12 jogadores que compôs o elenco do Tricolor no torneio entrou com duas ações – uma coletiva e outras individuais – na 1ª Vara do Trabalho de Teresina por danos causados pelo atraso de salários.  Além disso, os atletas também pedem a quitação da multa gerada pelo não pagamento das parcelas no prazo firmado no acordo com o Ministério Público do Trabalho do Piauí (MPT-PI), em setembro de 2016. O montante de todas as ações totaliza quase R$ 1 milhão. O River-PI informou que se posicionará sobre o assunto quando formalmente notificado.
Na ação coletiva, o grupo pede o pagamento de uma multa de R$ 197.500,00 porque o River-PI não pagou no prazo estabelecido pelo Termo de Ajuste de Conduta (TAC) os valores dos salários atrasados, que foram parcelados em quatro vezes, com vencimentos nos dias 10 de outubro, 10 de novembro, 12 de dezembro e 30 de dezembro. À época, o clube alegou protelar o débito devido ao não recebimento das cotas de patrocínio do Governo do Estado. Os jogadores relataram à Justiça do Trabalho que foram 79 dias de atraso, e a multa por descumprimento do prazo determinada na audiência de conciliação do Ministério Público era de R$ 250/dia a cada atleta.
- O valor das parcelas atrasadas era de aproximadamente R$ 80 mil. Após entrarmos com a execução coletiva, o clube pagou as duas parcelas em atraso no mês de abril, porém o valor referente à multa por atraso não foi pago ainda. O valor da multa diária chegou a R$ 200 mil. Como o clube pagou as parcelas, o processo seguirá até quitação da multa – explicou o advogado Filipe Rino, que representa os jogadores.
O grupo que colocou o River-PI na justiça é formado pelo goleiro Dalton; os zagueiros Roberto Dias, Bruno Lopes e Dão; os volantes Luciano Sorriso, Kássio e Gilmak; o lateral Rafinha; o volante Rogério; o meia Almir Dias e os atacantes Vanderlei e Diego Lira. 
Cada um deles também entrou com uma ação individual. Nela, todos os atletas fazem reclamações trabalhistas contra o River-PI, principalmente os danos morais causados pelo atraso de três meses de salários, não pagamento de férias e 13º, FGTS, verbas rescisórias e direito de imagem. 
Vica River-PI (Foto: Erica Paz)Elenco do River-PI na Série C. Doze atletas entraram na justiça contra o clube (Foto: Erica Paz)
Em uma das ações individuais, por exemplo, um dos jogadores argumenta que o River-PI deve R$ 9 mil somente de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) em atraso, R$ 11 mil de 13º salário não pago, R$ 14 mil de férias, R$ 13 mil por danos morais e R$ 30 mil de cláusula compensatória desportiva – valor relacionado ao salários que os atletas teriam direito de receber até o final do contrato registrado, mas foi rescindido pelo clube antes do tempo e com inadimplência salarial. Somente nesse caso, o atleta cobra quase R$ 100 mil ao Galo (exatos R$ 99.467,40).
O valor das ações individuais foi calculado de acordo com o salário de cada atleta. Por isso, elas variam de R$ 50 mil a R$ 120 mil por jogador, explicou o advogado Filipe Rino. Juntas, elas totalizam cerca de R$ 800 mil. Com o valor cobrado pela multa gerada pelo TAC com o Ministério Público, o grupo reivindica na justiça quase R$ 1 milhão do River-PI.  

- Na vida particular, o atraso dos salários acarretou um abalo fortíssimo economicamente e moralmente. A maioria desses atletas é arrimo de família. Suas famílias dependem deles. Se eles trabalham e não recebem, suas famílias passam por necessidade: conta de luz, de água, gás, escolas dos filhos, não esperam. Sem contar a necessidade de prover o sustento e alimentação de seus filhos. Essas ações, execução e ações individuais perfazem o montante aproximado de R$ 1 milhão – ressaltou Filipe Rino, que completou ter confiança no êxito das ações. 
Filipe Rino (Foto: Arquivo Pessoal)Filipe Rino, advogado dos jogadores do River-PI (Foto: Reprodução/SporTV)
- Não digo exemplo, pois exemplar seria o clube pagar os salários em dia. Mas seria digno. Hoje atuo em mais de mil processos somente de atletas profissionais, de todo Brasil, de todas as divisões. Infelizmente, o atraso salarial se tornou corriqueiro – disse.
Todos as ações seguem em trâmite na 1ª Vara do Trabalho de Teresina. As audiências dos processos estão marcadas para julho deste ano. 
River-PI, reclamação trabalhista  (Foto: GloboEsporte.com)Atraso em pagamento de parcelas de acordo com MPT resultou em multa de quase R$ 200 mil (Foto: GloboEsporte.com)
2016 PARA ESQUECER
O River-PI conviveu com salários atrasados desde o início da temporada 2016, mas o problema se agravou na reta final da Série C do Brasileiro, quando foram acumuladas três folhas em atraso. Após a derrota para o ABC, quando foi confirmado o rebaixamento do clube para a Série D, com duas rodadas antes do fim da fase de classificação, o time deixou de treinar por dois dias e, após a derrota para o Salgueiro, foram mais três dias sem treino e ameaça de não entrar em campo na última rodada.

O Galo subiu em 2015 para a Série C, quando conquistou o vice-campeonato da Série D. A campanha na Terceirona teve apenas duas vitórias em 17 jogos. Foram nove derrotas, sete empates, 24% de aproveitamento.
River-PI greve  (Foto: Joana D'arc Cardoso)Jogadores do River-PI pararam os treinos por atraso de salários (Foto: Joana D'arc Cardoso)

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