Roberta Miranda enfrentou muito preconceito para ter um lugar ao sol entre os mais famosos cantores sertanejos do Brasil, ainda mais um ambiente dominado por duplas "bota e chapéu", como ela diz. Hoje, com a onda do "feminejo", a cantora se diz orgulhosa de suas "sementinhas", como Simone e Simaria, Maiara e Maraísa, Marília Mendonça, Naiara Azevedo, entre outras cantoras da atualidade.
Em entrevista à revista Veja, a cantora lembrou de sua dificuldade ao entrar neste ramo: "era inconcebível uma mulher nordestina ser consagrada pelo povo como rainha da música sertaneja. Hoje temos uma onda de meninas no sertanejo, minhas sementinhas, como gosto de chamá-las."
Miranda conta que tem muito carinho e amor por cada uma das novatas da música. "Elas têm consciência de tudo que fiz pelas mulheres nesse mercado, o quanto lutei, falei e insisti que faltavam vozes femininas no sertanejo. Elas podem contar comigo, e sabem disso", disse à revista.
Questionada se se considera feminista, Roberta Miranda diz que sim, se o movimento entende-se como a luta pelo espaço da mulher, a busca por respeito e tratamento igualitário. "Mas não sou a favor de colocar os homens para baixo, de magoá-los ou fazer com eles o que eles fizeram com a mulher", acrescentou. Para ela, a música sertaneja sempre foi o "nicho mais machista da música."
"Nós temos muitos exemplos femininos no samba, na MPB, mas antes de mim, e agora das meninas, tínhamos poucos nomes de mulheres que fizeram carreira no sertanejo, como Inezita Barroso e Nalva Aguiar. Tenho muito orgulho de ver as novas cantoras ocuparem um espaço tão grande hoje."
Miranda pondera, porém, que não é só na música que o movimento feminista está gerando mudanças. "Mas esse movimento de empoderamento feminino não é exclusivo da música, a mulher tem descoberto seu poder em diversas áreas da vida. O homem precisa ficar antenado, a mulher não depende mais do dito cujo nem para fazer filho", disse, dando risada.
Luiza Belloni
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