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| Foto: Manu Dias/Seinfra-BA/2013 |
Um dos assuntos mais falados no futebol brasileiro nesta terça-feira (20) não foi a contratação ou demissão de jogadores. A jogada do dia foi da presidente Dilma Rousseff.
O parlamento pode até ter aprovado, mas a presidente vetou o projeto que previa o parcelamento de dívidas de clubes de futebol com redução de 70% de multas isoladas, de 30% dos juros de mora e de 100% do valor de encargo legal.
Meu amigo, não há loja no mundo que te dê a chance de renegociar assim uma compra que você já fez fiado!
Dizem que a Dilma é uma mãe por conta do programa Bolsa Família. Pelo menos nesse caso, ela mostrou que não é tão mãe assim. Ou melhor, que não é a "mãe Joana".
No veto, publicado no Diário Oficial da União, a alegação foi:
"O Governo vem discutindo há meses com representantes de clubes, atletas, entidades de administração do desporto e com próprio Congresso Nacional a construção de uma proposta conjunta que estimule a modernização do futebol brasileiro. O texto aprovado não respeita este processo e prevê apenas refinanciamento de débitos federais, deixando de lado medidas indispensáveis que assegurem a responsabilidade fiscal dos clubes e entidades, a transparência e o aprimoramento de sua gestão, bem como a efetividade dos direitos dos atletas. O Governo retomará imediatamente o processo de diálogo, com o objetivo de consolidar, no curto prazo, uma alternativa que promova de forma integral a modernização do futebol brasileiro."
Vitória do bom senso. E não falo nem do Bom Senso Futebol Clube, movimento criado por jogadores que reivindicam mudanças no futebol. Venceu o bom senso de não impedir que os dirigentes não assumam nenhum compromisso para tirarem os clubes do buraco. Por sinal, devia haver pena de prisão para cartola que usa paixão nacional para iludir torcedor e sair lucrando, mas isso é outra história.
Aí você leu tudo, chegou até aqui e continua querendo entender: e o título da nota? O que raios o meu clube piauiense tem a ver com isso?
Primeiro, obrigado por ter lido até aqui. Muita gente só lê os títulos...
Em segundo lugar, trocando em miúdos, a presidente disse: vocês querem todas essas vantagens que nem a Casas Bahia dá, e em troca não vão se comprometer com nada?
Os clubes de futebol só se lembraram que todo fim de semana precisam jogar uma partida. A presidente exigiu contrapartida.
Porque antes de tudo, é dinheiro de multa que viria para os cofres públicos. Recursos que, em tese, devem servir para melhorar a vida de todos os brasileiros, dos mais apaixonados pelo futebol aos que trocam de canal nas tardes de domingo para ver o programa da Eliana no SBT.
E todo ano, antes de começar o Campeonato Piauiense, os dirigentes começam com o discurso do "vamos pedir ajuda financeira para o prefeito, para o governador...", "vai ser bom para a imagem da cidade...", "não podemos passar vergonha na competição...".
Eu até acho que o poder público no Piauí pode ajudar os clubes. Aliás, o termo nem é esse. Pelo potencial de mobilização e ação social que eles possuem, deveriam ser parceiros. O investimento na formação de jovens jogadores é um exemplo de alternativa que pode dar certo, especialmente em um Estado como o nosso, dependente do Governo para quase tudo.
O que não se pode é usar recurso público para pagar jogador de fora, usar de graça os estádios públicos sem contribuir para a manutenção, faturar cobrando ingresso do torcedor e ainda por cima não ter de prestar contas para o Estado. Guardadas as devidas proporções, é querer algo no naipe da lei que a presidente vetou.
O recado da Dilma para os clubes do Piauí e de todo o Brasil, e para os gestores do Piauí e de todo o Brasil, é que o "jeitinho" do nosso futebol só pode funcionar dentro de campo. Fora dele, é preciso tentar acabar com a bagunça, desorganização, sonegação, etc... E isso vale também para outros esportes.
Troquemos o pires na mão por projetos. Tá dado o recado.
Fábio Lima
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