Quarenta e sete pontos vulneráveis de exploração sexual contra a criança e adolescentes foram mapeados pela Polícia Rodoviária Federal nas estradas piauienses. Vinte pontos a mais em relação ao levantamento feito no ano de 2007. Durante a fiscalização, a PRF apreendeu uma criança e dez adolescentes vítimas do crime e seis crianças e dez adolescentes infratores. Em todo o Brasil, a operação nas rodovias federais resgatou 449 crianças e adolescentes vítimas da exploração, além de 1.097 crianças e adolescentes infratores. As denúncias são feitas pela população ao Ministério Público, que investiga os casos.
No Piauí as cidades que mais registram casos de exploração sexual são: Teresina, Picos, Floriano, Cocal de Telha, Campo Maior, Parnaíba, Piripriri e Marcolândia. Segundo os dados da superintendência regional da PRF, o município de Picos é o segundo do Nordeste com maior entroncamento, ou seja, possui disparidades acentuadas de poder aquisitivo entre a população residente e entre os turistas. "Outra cidade com graves problemas é Cocal de Telha. Parece que existe uma cultura da exploração sexual de menores por lá. É preocupante", comenta o inspetor Fabrício Loiola, da PRF.
Para a identificação dos pontos suscetíveis à prática do abuso sexual contra menores, são considerados cinco fatores: a presença dos menores à beira das estradas; circulação de dinheiro - diferença de poderes aquisitivos; o abusador; baixa escolaridade das vítimas e ambientes escuros. Os postos de combustíveis são os locais onde mais acontece a exploração sexual contra menores. Por lá, os caminhoneiros estacionam seus veículos durante a noite para dormir e contribuem para a prostituição. A baixa iluminação e a ação dos "cafetões" - pessoas que oferecem os serviços da prostituição -, muitas vezes sendo até familiares da vítima, são grandes incentivos.
Uma proposta de mudança no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completou este ano 20 anos de existência no Brasil, a ser apresentada pelos órgãos competentes de fiscalização, prevê que os proprietários dos postos de combustíveis iluminem seus estabelecimentos e que o espaço entre um caminhão e outro estacionado neste local seja maior. Desta forma, acredita-se que a fiscalização chegue aos pontos de difícil acesso, inibindo a prática do crime. "Você encontra menores dentro dos caminhões. É constrangedor", avalia o inspetor Loiola.
A Polícia Rodoviária Federal do Piauí não atua sozinha nas ocorrências. O Ministério Público é responsável pela ação penal e dá apoio na fiscalização. As polícias Civis e Militares também agem na parceria de combate a exploração sexual contra crianças e adolescentes.

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