Educaçâo

Tributo ao pai Raimundo Reis: 10 anos de sua partida. 


“Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e... ...tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)! Mas sobrevivi!” (VIDA - Texto de Charles Chaplin).
Prezado leitores, peço licença e passo a efetivar uma homenagem ao pai iluminado que tenho, porém, faço a ressalva de que há 10 anos nos encontramos em dimensões diferentes. Sei que a princípio tal ato lhe apresentará como sem relevância, tendo em vista que a minha coluna é relativa ao Direito. Mas talvez você possa entender a importância que o homem, radialista, filho da professora Maria José Reis, pioneira na catalogação da história de Araioses, como a descoberta de artefatos da balaiada, nascido dia 23 de outubro, casado com a também professora Leila de Maria e pai de Fabiano, Emmanuel, Rafael, Nataly, desencarnado dia 12 de janeiro de 2001, tenha frente aos valores solares que a célula da sociedade, a família, pode apresentar àqueles que participam de uma.
Desde sua morte escuto seus amigos pessoais e seus ouvintes, apontando histórias que me impressionam, “!Puxa!! Não sabia disso!!”, varias vezes indago impressionado com as qualidades e também com os defeitos, esses, em 99%, transpassam pela bebida, que colho de tais depoimentos. As histórias que se repetem reluz a Rádio Educadora do Piauí em seus áureos tempos, onde ali começou a exercer sua profissão, fazendo amigos, alguns já não mais conosco também, recebendo caixas de cartas por semana, era o Programa Gosto Popular, onde, lembro bem, cartas continham até dinheiro; lembro ainda dos feitos com as transmissões de futebol, ganhando troféu de melhor locutor esportivo de 1990, além da pioneira transmissão do futebol de salão disputado em Manaus – AM, bem como da primeira transmissão de uma partida pela TV Delta, ao vivo; sem falar nas transmissões dos carnavais, bem como das inúmera campanhas das eleições em Parnaíba, e das minhas idas ao estúdio da Educadora, ficava encantado. Quando ainda menino vi seu sofrimento com a morte dos filhos de Ayrton Alves, que carinhosamente chamo de tio, onde ali passou a me levar mais para a rádio, a fim de tentar ajudar o amigo com minha presença.
Ô tempo lindo pai! Você me levava de bicicleta para o colégio; você se esforçava para fazer meu aniversario e do Rafa; você digladiava para ter à mesa o pão, e estava tão longe de sua família, sua mãe, sua avó-mãe, seu irmão e irmãs, tinha apenas nós; você bebia, talvez para superar alguns fardos, e eu tão jovem não conseguia perceber que tudo era para o meu bem querer.
Crescemos, e em um dado momento da nossa história você era eu e eu era você, até cuidávamos do Rafa, nos jogos que o vasco perdia, era o combinado, para não deixá-lo com raiva. Por muitos anos, nos amávamos e não sabíamos dizer um ao outro. Mas, talvez por uma dessas obras Divinas, em meados de 1999, Fabiano reaparece, nossos laços se reafirmam, enfim digo que te amo, deixo o ranço pela bebida de lado, andamos abraçados, sinto enfim um orgulho de ser seu filho, algo que sempre tive medo de demonstrar, buscamos saídas para não mais haver a bebida; até que passamos, os três filhos, no vestibular, e sua alegria é tamanha que todos que o cercam percebem a mudança. Meu Deus, obrigado, tive tempo de fazer perceber que tudo o que fez por nós foi correto, pois ali estampamos sua educação, mesmo Fabiano, longe de nós, percebeu sua importância, apontando a nós que ter caráter, honrar o trabalho a família, tendo responsabilidade é o caminho para se ser família. Mesmo que por poucos anos tive o prazer em ser filho e te lembrar de como era ser pai, algo inesquecível, já que nestes dias de alegria, após a inscrição na Faculdade de Direito o senhor partiu, tal acidente que nunca imaginei entender.
Hoje, temos já 10 anos de lonjura material, pois sinto-me, às vezes, ao seu lado, já que meu coração sente os seus abraços, seu cheiro, sua voz imponente, suas risadas; hoje tenho os netos que tanto quis, mas dona Leila se encarrega de tal forma que parece que o vejo sempre ao lado dela e deles. E é assim que passo os meus dias, quer na advocacia, quer lecionando, quer sendo hoje o pai que você foi para mim, tomando sues ensinamentos para as resoluções das problemáticas da vida.

Amigos desculpe o texto, mas queria dizer, talvez em especial aos meus alunos, aqueles que fazem a distância em casa se espalhar em sala de aula, que “a vida é prosa firme: fluxo rápido”[1], aproveitem seu pai, sua mãe, digam que os amam, digam aos filhos o que é o amor, tenha sempre o querer bem, colocando-os acima de todas as situações, pois se sobrevivi , como Chaplin afirmou, foi porque tive a oportunidade de receber carinho, educação e orientação para sobreviver sem ele, mesmo que naquele momento eu tivesse a certeza de que minha vida também acabara, e vejo, depois de tamanha tempestade, que ela apenas começou, e assim passo a levar a semente de sua sabedoria e bons exemplos, acabando por descobrir que o porto seguro é unicamente a família.
Atenciosamente, aos amigos do pai José Raimundo Reis Melo.
Missa de 10 anos de seu desencarne: 17h Catedral.
EVOCAÇÃO
"COMO É BOM RECORDAR ... LEMBRANDO A GENTE
COMO NUM S0NHO DE OURO SE ILUMINA
RECORDAÇÃO É FONTE, ALTA E DIVINA,
DE ONDE BROTA O CONSOLO DO PRESENTE.

RECORDO. O PENSAMENTO ESVOÇA, A ESMO
RECORDO. E RECORDANDO É QUE EU VOU TENDO
A CONSCIÊNCIA DE MIM MESMO."

[1]Verso da poesia - PROSA À VIDA, (E.R.R).
 

Emmanuel Reis

Um comentário:

*** Andrea Garcia *** disse...

Belíssima e merecida homenagem a essa pessoa tão espotânea e verdadeira...
Certamente a saudade será eterna...
Á família toda, em especial a amiga Leila e seus filhos maravilhosos Emmanuel e Rafa, desejo que continuem tendo forças para superar essa saudade...
Zé Raimundo, que Deus tenha reservado um lugar bem especial para você, amigo!

Andrea Garcia
andreagarciafla@hotmail.com
Araióses – MA

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