As queimaduras por sol são comuns em especial no verão. Os dermatologistas atendem a muitas pessoas com este problema na estação. Elas passam o ano inteiro trabalhando nas cidades, em ambientes fechados, e quase não se expõem aos raios solares. Sua pele, claro, fica branquíssima. As férias chegam e elas alugam uma casa ou um apartamento no litoral. Lá, vão para a praia no horário mais quente sem proteção. Homens passam horas jogando futebol na areia vestidos apenas com um short. Mulheres e homens sentam-se numa cadeira ou deitam-se na areia e tomam sol durante horas. O resultado é que se queimam, às vezes até gravemente.
As queimaduras estão relacionadas à temperatura e ao tempo de exposição ao sol. Atingem sobretudo os homens, mas também nas mulheres. Podem manifestar-se em toda a pela. São mais comuns, porém, em áreas mais expostas, como rosto, ombros, costas e abdome. As queimaduras por sol podem ser de primeiro ou de segundo grau. As de primeiro grau são as que atingem apenas a camada mais externa da pele, chamada córnea. Já as de segundo grau ocorrem quando atingem a segunda camada da pele, a derme.
A causa é a exposição excessiva e por longo tempo ao sol sem proteção, ou com proteção insuficiente, pelo fato de se esquecer de repassar o filtro solar. Vale relembrar, a propósito, que o filtro não bloqueia a passagem de todos os raios. Mesmo que a pessoa passe a substância corretamente e a repasse nos períodos recomendados, se ficar no sol em excesso irá queimar-se. Não se pode passar filtro solar e ficar ao sol o dia inteiro. O filtro protege de 15 a 70 vezes mais do que se se estivesse sem ele, mas não totalmente.
Os sintomas iniciais, que em geral aparecem após seis horas de exposição ao sol, são vermelhidão e dor ao toque. Se a pessoa continua ao sol, podem surgir bolhas. Quando a área queimada é extensa demais, a temperatura corporal se eleva. Se a pessoa não toma líquidos o suficiente, o organismo “entende” que a temperatura corpórea está elevada e é necessário baixá-la. Faz isso através do suor, que pode causar desidratação. A pessoa precisa ser levada a um pronto-socorro, porque se perder líquidos em demasia pelo suor corre o risco de ter um choque hipovolêmico e até morrer.
Pesquisa da Sociedade Norte-Americana de Dermatologia apurou que o melanoma, o mais perigoso câncer de pele, porque dá metástase rapidamente e pode matar, se manifesta não em pessoas que tomam sol sempre, mas sim naquelas que o tomam de vez em quando, mas exageram, submetendo a própria pele a um ato de grande violência.
Felizmente, as queimaduras por sol são evitáveis. Se você tem pele branca, na praia ou na piscina, exponha-se ao sol com prudência, aos poucos, e sempre protegido por filtro solar. Passe o filtro na quantidade certa e repasse de 2 em 2 horas, ou sempre que entrar na água. Tome sol só até as 10h00 e após as 16h00. Use boné ou chapéu e calça comprida e camisa de mangas compridas. Seja ainda mais exigente com crianças e idosos, que, como disse, queimam-se e desidratam-se mais fácil e rapidamente. Mantenha-se sempre bem alimentado e hidratado.
Pessoas com queimaduras, ao contrário do que propõe a sabedoria popular, não devem passar em sua pele vinagre, óleo de lavanda, chá gelado, iogurte, tomate, abacate e pepino, pois, além de não aliviarem em nada, ainda podem agravar o quadro. O alívio pode ser conseguido apenas com loções ou cremes que tenham calamina na fórmula, cremes hidratantes, pasta-d’água, gel com aloevera, soro fisiológico e água termal. Todos podem ser adquiridos nas farmácias. Pessoas com sintomas de desidratação grave precisam ir ou ser levadas até o serviço de emergência de um bom hospital. Nas situações mais graves, pode ser necessário hidratá-las pela via endovenosa.
Médica Dermatologista, especialista em Dermatologia Cosmiátrica e Laser, graduada e pós-graduada pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, membro das Academias Americana e Brasileira de Dermatologia, autora de diversas publicações científicas nacionais e internacionais, laureada com o prêmio “Who is Who”, autora do livro Beleza sem Cirurgia. www.prittes.com.br
Dra. Patrícia Rittes
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