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Consumo de drogas migrou dos grandes centros para o interior do país

“O crack está presente em todos os cantos do Estado. Dos grandes centros urbanos, migrou para cidades pequenas e afastadas, antigos rincões do sossego. Também escalou a pirâmide social e chegou às mansões”. Essa realidade – retratada em reportagem especial do Estadão – é comprovada em mapeamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), por meio do Observatório do Crack, cujos números ganharam destaque na série de matérias publicadas pelo veículo.

Para elaborar a reportagem, o Estadão percorreu, durante quatro meses, 6,6 mil quilômetros, visitando 13 Municípios paulistas com problema alto ou médio decorrente do consumo da droga, conforme classificação do Observatório do Crack. De acordo com o levantamento da Confederação, das 556 prefeituras que participaram da pesquisa, 194 cidades do Estado declararam ter alto problema decorrente de consumo de crack. O veículo levantou dados, ouviu autoridades federais, estaduais e municipais, visitou clínicas, comunidades terapêuticas, ambulatórios especializados e pontos de consumo.

Ao jornal, o presidente da Confederação, Paulo Ziulkoski, alertou para os problemas enfrentados pelas prefeituras em decorrência desse cenário. “Mais de 70% das cidades de São Paulo informaram ter problemas sérios com crack que impactam na gestão municipal. Falta proteção nas fronteiras, por onde entra a pasta da cocaína, que é a base para produção da droga, e as prefeituras não estão preparadas para lidar com essa situação complicada”, disse.

O principal articulador da política sobre drogas do governo paulista, Ronaldo Laranjeira, ressaltou os números da CNM e disse que esses confirmam uma realidade conhecida do poder público, mas não documentada: “O crack está em todos os Municípios, isso a gente pode falar”, falou à reportagem. Para ele, a droga vem avançando juntamente com a melhoria das condições econômicas das pessoas.

A visão também é reforçada pelo secretário nacional de Políticas sobre Drogas, Vitore Maximiano. Ele admite que o cenário é bastante grave. “O uso do crack surgiu mais acentuadamente nas grandes cidades e, especialmente, nas metrópoles. Mas temos notado e percebido que o crack também é droga presente em pequenos e médios municípios”, afirmou.

Políticas de governo

A reportagem destaca, ainda, as dificuldades em relação às políticas de governo e ressalta que, “embora especialistas e as próprias autoridades concordem que as políticas dos governos federal e estadual devem caminhar juntas e se complementar, na prática União e Estado trilham rumos distintos”. De acordo com o jornal, a União prioriza o tratamento domiciliar, com acompanhamento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Enquanto isso, os Estados buscam a Justiça terapêutica, com internações em hospitais especializados e comunidades terapêuticas para interromper o consumo de vez.

O consumo e as suas consequências



Também entrevistada pelo Estadão, a coordenadora de Saúde Mental da Prefeitura de São José do Rio Preto, Daniela Terada, afirmou que o crack representa o maior risco entre as drogas em circulação no País. “É a mais forte e de adição mais violenta no Brasil. O indivíduo deixa de ser produtivo, de ter vínculo com outras pessoas – mais do que um usuário de álcool – e perde as referências e as condições gerais de saúde”, disse. A reportagem ouviu vários usuários, que confirmaram os efeitos da droga. Eles alertaram para a potência e a velocidade com que a droga age no cérebro.

Os repasses federais

Outra reportagem sobre o tema foi publicada pelo portal IG e mostra: faltando pouco mais de seis meses para acabar o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), o governo federal repassou apenas 27,2% dos R$ 4 bilhões aos Estados e Municípios que aderiram ao programa “Crack, é possível vencer”. O portal também utilizado dados da Confederação Nacional dos Municípios.

Para Ziulkoski, que foi ouvido pela reportagem, a verba é insulficiente para que os Municípios criem medidas eficientes para enfrentar o problema. “O dinheiro que viria em socorro aos Municípios não chegou para a maioria deles. Ou seja, o financiamento das ações de políticas públicas em setores como saúde, educação, assistência social e segurança pública ficaram prejudicados, o que nos permite dizer que o valor investido é ínfimo para trabalhar a questão do crack”, lamentou.

Pelas regras do programa, o Munícipio tem que ter mais de 200 mil habitantes para receber ajuda federal. De acordo com Ziulkosk, a regra tira mais de 3,9 mil Municípios de pequeno porte, com até 50 mil habitantes, dos planos da União. “O valor é repassado primeiramente ao Estado que pactuou com o programa. Somente depois é que os Municípios que efetuaram a pactuação com o Estado poderão receber o repasse. O detalhe é que o valor é diretamente proporcional ao número de habitantes, e nessa jogada, apenas Municípios com mais de 200 mil habitantes podem receber a rubrica”, alertou.
Fonte: CNM 

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