Realmente, o desempenho político do ex-senador Mão Santa na disputa eleitoral de 2014 rumo ao Palácio de Karnak não foi o esperado. Até agora, deixa a desejar. Apostava-se que o ex-governador pudesse, no mínimo, ser uma ‘terceira via’ competitiva, capaz de alavancar um segundo turno. Porém, as pesquisas mostram que dificilmente isso poderá ocorrer no Piauí.
Em 2010, quando o ex-governador Wilson Martins se reelegeu, o hoje senador João Vicente Claudino projetou um segundo turno com 21,54% dos votos válidos. Naquela época, no primeiro turno, Wilson Martins obteve 46,37% contra 30,08% atribuídos a Sílvio Mendes e 21,54% para João Vicente, representando 97,99% dos votos válidos.
Em 2014, com percentual em torno de 10% (com margem de erro de 2% ou 3%), o ex-senador Mão Santa não está a representar o candidato que poderia – ou poderá - auxiliar o governador Zé Filho a disputar um “segundo tempo” da eleição em pé de igualdade com o senador Wellington Dias.
Na análise, projetando-se o mesmo percentual de votos válidos na eleição para governador em 2010 no primeiro turno (97,99%) e considerando-se que o ex-senador Mão Santa permaneça como está (12%, por exemplo), estagnado no percentual atual das pesquisas, para ocorrer um segundo turno o primeiro de 5 de outubro deveria terminar com pelo menos o seguinte quadro:
Mão Santa – 12%;
Zé Filho – 42%
Wellington Dias – 43%
Um total de 97% dos votos válidos, mesmo percentual de 2010, aproximadamente. Neste caso, o segundo turno estaria garantido, dado que a soma dos percentuais de Mão Santa e Zé Filho daria 54% dos votos válidos, 1% a mais que o percentual de Wellington Dias, forçando, assim, o segundo turno da eleição no Piauí.
Pelo quadro político desenhado no momento, a hipótese da eleição ser decidida no primeiro turno é latente, flagrante, indiscutível. Justamente porque a ‘terceira via’ Mão Santa não está tendo o desempenho esperado. E que fosse, no mínimo, um desempenho razoável, qual seria muito sintomático para alavancar e sustentar a candidatura à reeleição do governador Zé Filho. Aliás, que tem crescido, sim, porém devagar. Precisaria mais do que nunca de uma ‘terceira via’ competitiva para auxiliá-la. Mas, Mão Santa falha!
Observemos, por exemplo, o que está ocorrendo a nível nacional. Até então um candidato não competitivo, com percentuais abaixo das expectativas, Eduardo Campos não sustentava (era duvidoso) Aécio Neves a chegar com folga em um provável segundo turno. Bastou o quadro mudar com Marina Silva para que as pesquisas começassem a projetar e apontar a possibilidade de um segundo turno.
Campos não era competitivo. Mas, Marina é! No Piauí, não deve ocorrer – claro! – um fenômeno Marina Silva. Mesmo porque por aqui até agora ninguém se acidentou ou se suicidou. O que falta à eleição de 2014 no nosso estado é, sim, um terceiro candidato competitivo para forçar a escolha ou opção do eleitor para o segundo turno no final de outubro. Sem isso, nada feito!
Como as pesquisas no Brasil foram sempre usadas para influenciar na decisão do eleitoral, uma campanha eleitoral no Piauí, por exemplo, rifa qualquer candidatura que não esteja bem nas consultas populares, no final da fila, sobretudo no crepúsculo, no ocaso da eleição, no final do “tempo regulamentar”. Por aqui – como no Nordeste inteiro - ainda existe a figura do eleitor que vota naquele que “vai ganhar”. Sendo assim, sem a ajuda competitiva de Mão Santa, é de toda improvável a “segunda etapa” da disputa.
Miguel Dias Pinheiro é advogado
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