Por Miguel Dias Pinheiro*
É a velha história: “quem fala o que quer, ouve o que não quer”. Há tempos que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o FHC, vem atrapalhando a corrida tucana de volta ao Palácio do Planalto. Em três eleições do PT x PSDB, em que foram protagonistas Lula e Dilma versus Serra e Alckmin, que FHC vem atrapalhando com sua língua ferina e criando situações embaraçosas no ninho tucano.
Em 2002, José Serra conseguiu atravessar a campanha inteira sem pronunicar um único elogio a FHC. Em 2006, Geraldo Alckmin manteve o ex-presidente na sombra até que o próprio Lula, em um debate pela TV no segundo turno, colocou o ex-presidente tucano na berlinda e Alckmin perdeu o equilíbrio e também perdeu as esperanças de vencer na reta final. Em 2014, surge uma chance real de vitória tucana e mais uma vez FHC abre a boca e complica no Nordeste para os tucanos.
A palavra e a presença de FHC no debate político nacional acabou se tornando para o tucanato um mau preságio, um agouro. É essa memória, portanto, que sempre atrapalhou. A associação do nome de qualquer candidato do PSDB ao do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi sempre o principal motivo para “naufrágio” no crepúsculo do pleito. A estratégia do PT foi sempre trazer FHC para o centro do debate nacional, forçando o lado negativo do governo dele para a avaliação do eleitorado, sobretudo das classes média e baixa, maior contingente de votos no país.
Não é de hoje que uma parte expressiva do tucanato alimenta uma dúvida quanto ao efeito FHC sobre os eleitores. Em 2014, porque não o esconderam, ele acaba de protagonizar uma das polêmicas mais indesejáveis em uma campanha eleitoral: “atacar de forma sórdida os menos favorecidos e desafortunados”. Em uma entrevista ao Uol, o ex-presidente acusou eleitores de Dilma de serem "mal-informados" e residentes "nos grotões". Foi a gota d’água! Na tarde de segunda-feira pós primeiro turno, uma onda preconceituosa e racista se espalhou como uma verdadeira praga pela internet e nas redes sociais. A onda acabou desaguando no colo do Ministério Público Eleitoral, que abriu investigação e os desdobramentos serão imprevisíveis até o dia da eleição no segundo turno.
Por que não te calas, FHC? Sempre emotivo e às vezes “falando pelos cotovelos”, implicitamente FHC chamou a todos nós nordestinos de burros e de desqualificados. A atitude nos remete a um passado sombrio, quando ele próprio chamou aposentados de vagabundos, para logo depois criar o Fator Previdenciário que os pune até os dias de hoje na Previdência Social brasileira.
Se de caso pensado ou não, o certo é que FHC escolheu o alvo errado ao tentar alavancar votos para seu pupilo instigando uma divisão sócio-intelectual-cultural entre Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. O tucano, no entanto, acabou jogando na sarjeta a história de um país que nasceu no Nordeste. Salvador foi nossa primeira capital no período colonial e por mais de 200 anos. São Paulo, por exemplo, terra de FHC, foi praticamente construído por nordestinos. Atualmente, quase nove milhões de “mal-informados” fazem da maior cidade do país a “locomotiva brasileira”.
Inconseqüente, deve alguém lembrar a FHC que foi o Nordeste a região que mais contribuiu para as eleições de todos os presidentes brasileiros, inclusive a dele em duas oportunidades. Vejamos:
-Eleição de 1945: General Eurico Gaspar Dutra, do PSD, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1950: Getúlio Vargas, do PTB, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1955: Juscelino Kubitschek, do PSD, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1960: Jânio Quadros, do PTN, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1989: Fernando Collor de Mello, do PRN, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1994: FHC, do PSDB, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1998: FHC, do PSDB, venceu novamente no Nordeste;
-Eleição de 2002: Lula, do PT, venceu no Nordeste;
-Eleição de 2006: Lula, do PT, venceu novamente no Nordeste;
-Eleição de 2010: Dilma Rousseff, do PT, venceu no Nordeste;
-Eleição de 2014: Dilma Rousseff vencendo novamente no Nordeste.
Neste caso, são os nordestinos ou os presidentes eleitos que são “burros”?
Ontem, em 1994 e 1998, nós do norte e do nordeste éramos "ricos e inteligentes”. Lembram! Hoje, para FHC, não! O que realmente tem feito o tucano com as palavras é não saber empregá-las devidamente e no tempo certo. Não é aceitável que um sociólogo que escreveu livros não conheça o peso de suas declarações. Está sempre deixando margens para discussão infrutíferas, sobretudo nas eleições. Pela sua história - e idade -, deveria se comportar melhor. Ou será que ele fez mesmo isso foi de caso pensado? Eis a questão. E a indagação, claro! Por que não te calas, FHC? O Nordeste merece melhor! E respeito, naturalmente!
*Advogado
É a velha história: “quem fala o que quer, ouve o que não quer”. Há tempos que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o FHC, vem atrapalhando a corrida tucana de volta ao Palácio do Planalto. Em três eleições do PT x PSDB, em que foram protagonistas Lula e Dilma versus Serra e Alckmin, que FHC vem atrapalhando com sua língua ferina e criando situações embaraçosas no ninho tucano.
Em 2002, José Serra conseguiu atravessar a campanha inteira sem pronunicar um único elogio a FHC. Em 2006, Geraldo Alckmin manteve o ex-presidente na sombra até que o próprio Lula, em um debate pela TV no segundo turno, colocou o ex-presidente tucano na berlinda e Alckmin perdeu o equilíbrio e também perdeu as esperanças de vencer na reta final. Em 2014, surge uma chance real de vitória tucana e mais uma vez FHC abre a boca e complica no Nordeste para os tucanos.
A palavra e a presença de FHC no debate político nacional acabou se tornando para o tucanato um mau preságio, um agouro. É essa memória, portanto, que sempre atrapalhou. A associação do nome de qualquer candidato do PSDB ao do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi sempre o principal motivo para “naufrágio” no crepúsculo do pleito. A estratégia do PT foi sempre trazer FHC para o centro do debate nacional, forçando o lado negativo do governo dele para a avaliação do eleitorado, sobretudo das classes média e baixa, maior contingente de votos no país.
Não é de hoje que uma parte expressiva do tucanato alimenta uma dúvida quanto ao efeito FHC sobre os eleitores. Em 2014, porque não o esconderam, ele acaba de protagonizar uma das polêmicas mais indesejáveis em uma campanha eleitoral: “atacar de forma sórdida os menos favorecidos e desafortunados”. Em uma entrevista ao Uol, o ex-presidente acusou eleitores de Dilma de serem "mal-informados" e residentes "nos grotões". Foi a gota d’água! Na tarde de segunda-feira pós primeiro turno, uma onda preconceituosa e racista se espalhou como uma verdadeira praga pela internet e nas redes sociais. A onda acabou desaguando no colo do Ministério Público Eleitoral, que abriu investigação e os desdobramentos serão imprevisíveis até o dia da eleição no segundo turno.
Por que não te calas, FHC? Sempre emotivo e às vezes “falando pelos cotovelos”, implicitamente FHC chamou a todos nós nordestinos de burros e de desqualificados. A atitude nos remete a um passado sombrio, quando ele próprio chamou aposentados de vagabundos, para logo depois criar o Fator Previdenciário que os pune até os dias de hoje na Previdência Social brasileira.
Se de caso pensado ou não, o certo é que FHC escolheu o alvo errado ao tentar alavancar votos para seu pupilo instigando uma divisão sócio-intelectual-cultural entre Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. O tucano, no entanto, acabou jogando na sarjeta a história de um país que nasceu no Nordeste. Salvador foi nossa primeira capital no período colonial e por mais de 200 anos. São Paulo, por exemplo, terra de FHC, foi praticamente construído por nordestinos. Atualmente, quase nove milhões de “mal-informados” fazem da maior cidade do país a “locomotiva brasileira”.
Inconseqüente, deve alguém lembrar a FHC que foi o Nordeste a região que mais contribuiu para as eleições de todos os presidentes brasileiros, inclusive a dele em duas oportunidades. Vejamos:
-Eleição de 1945: General Eurico Gaspar Dutra, do PSD, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1950: Getúlio Vargas, do PTB, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1955: Juscelino Kubitschek, do PSD, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1960: Jânio Quadros, do PTN, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1989: Fernando Collor de Mello, do PRN, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1994: FHC, do PSDB, venceu no Nordeste;
-Eleição de 1998: FHC, do PSDB, venceu novamente no Nordeste;
-Eleição de 2002: Lula, do PT, venceu no Nordeste;
-Eleição de 2006: Lula, do PT, venceu novamente no Nordeste;
-Eleição de 2010: Dilma Rousseff, do PT, venceu no Nordeste;
-Eleição de 2014: Dilma Rousseff vencendo novamente no Nordeste.
Neste caso, são os nordestinos ou os presidentes eleitos que são “burros”?
Ontem, em 1994 e 1998, nós do norte e do nordeste éramos "ricos e inteligentes”. Lembram! Hoje, para FHC, não! O que realmente tem feito o tucano com as palavras é não saber empregá-las devidamente e no tempo certo. Não é aceitável que um sociólogo que escreveu livros não conheça o peso de suas declarações. Está sempre deixando margens para discussão infrutíferas, sobretudo nas eleições. Pela sua história - e idade -, deveria se comportar melhor. Ou será que ele fez mesmo isso foi de caso pensado? Eis a questão. E a indagação, claro! Por que não te calas, FHC? O Nordeste merece melhor! E respeito, naturalmente!
*Advogado
Nenhum comentário:
Postar um comentário