O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) protocolou nesta sexta-feira (8) requerimento no qual pede a convocação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro para falar na CPI dos Fundos de Pensão sobre denúncias de repasse de dinheiro para o PT e o PMDB e de conversas com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que revelam suposta cobrança de dinheiro. Já o vice-líder do PPS na Câmara Arnaldo Jordy (PA), informou que entrará com pedido de convocação e quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico de Cunha.
Os requerimentos deverão ser analisados em fevereiro, após o término do recesso do Legislativo. Uma série de mensagens trocadas entre o presidente da Câmara e o ex-presidente da construtora OAS mostra, em várias ocasiões, o peemedebista cobrando do empreiteiro repasse de dinheiro para ele e para aliados políticos.
As dezenas de mensagens trocadas entre os dois foram apreendidas no celular do ex-dirigente da empreiteira e fazem parte das investigações da Operação Lava Jato. Cunha foi denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por suposto envolvimento no esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Em nota, o presidente da Câmara disse que "jamais recebeu qualquer vantagem indevida de quem quer que seja" e desafiou a provarem o contrário. No requerimento em que pede a convocação de Léo Pinheiro, Raul Jungmann também requer que sejam chamados a falar na CPI dos Fundos de Pensão o ex-diretor da FUNCEF Carlos Augusto Borges, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-presidente da PREVI Ricardo Flores.
“Todos os mencionados são suspeitos de participarem de desvios dos fundos. Janot vê indícios de repasse de propina ao PT e PMDB em esquema fraudulento de adesão dos fundos de pensão na compra de títulos de dívida, debêntures, da empresa OAS, o que certamente pode ter se dado em prejuízo do patrimônio dessas instituições. Isso tudo precisa ser investigado”, defendeu Raul Jungmann.
Em relação ao pedido para ouvir Cunha, o deputado Arnaldo Jordy disse que as mensagens aprendidas no celular de Léo Pinheiro indicam que o peemedebista também teria cobrado “vantagens indevidas” por operações de capitalização das empresas do grupo OAS.
"Queremos saber como se deu a sua participação nessa história. Devidos aos novos fatos pediremos também a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico para podermos confrontar as informações. A sociedade está cansada de tanta corrupção e o Congresso tem o dever de dar as repostas necessárias para punir com rigor todos aqueles que dilapidam os cofres públicos”, afirmou Jordy.
No relatório obtido pela TV Globo, a PF aponta que Eduardo Cunha e Léo Pinheiro tiveram, entre 2012 e 2014, 94 encontros, ligações ou algum outro tipo de contato. Ao longo dos dois anos, ocorreram, segundo os investigadores, 35 pedidos, solicitações, cobranças ou agradecimentos por parte do deputado e do empreiteiro.
No período em que ocorreram as trocas de mensagens, Eduardo Cunha ainda não era presidente da Câmara. Ele assumiu o comando da casa legislativa em fevereiro de 2015. Na ocasião, ele ocupava o posto de líder do PMDB. À época, Léo Pinheiro ainda não havia sido preso pela Lava Jato.
O ex-dirigente da OAS já foi condenado pela Justiça Federal, em primeira instância, a 16 anos e quatro meses de prisão acusado de cometer os crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Atualmente, ele está recorrendo da condenação em liberdade.
Temer
Em um dos diálogos interceptados pela Polícia Federal, de 29 de agosto de 2014, Eduardo Cunha reclama com o empreiteiro sobre o fato de ele ter depositado "5 paus" diretamente para o Michel, referindo-se supostamente ao vice-presidente da República, Michel Temer.
Na conversa, o presidente da Câmara também menciona o nome do ex-ministro da Aviação Civil Moreira Franco – um dos aliados mais próximos do vice-presidente – e dos ex-deputados do PMDB Henrique Eduardo Alves (atual ministro do Turismo) e Geddel Vieira Lima.
"E vc ter feito 5 paus para MICHEL direto de uma vez antes. Todos souberam e dá barulho sem resolver os amigos", escreveu Cunha. "Até porque Moreira tem mais rapidez depois de prejudicar vcs do que os amigos que brigaram com ele por vc, entende a lógica da turma? Aí inclui Henrique, Geddel, etc", complementou.
Na resposta, Léo Pinheiro fez um alerta: "Cuidado com sua análise. Lhe mostro pessoalmente a qte de amigos!!!!!!", enfatizou.
Por fim, o deputado do PMDB disse que outros colegas de partido estavam "chateados" com o depósito que havia sido feito para Temer.
"Eles tão chateados porque Moreira conseguiu de vc para Michel 5 paus e vc já depositou inteiro e eles que brigaram com Moreira vc adia e isso", queixou-se o presidente da Câmara.
O que disseram os citados nas mensagens
Em nota divulgada pela assessoria de imprensa da Câmara, Eduardo Cunha disse lamentar o que ele chamou de "vazamento seletivo de dados protegidos por sigilos legal e fiscal que deveriam estar sob guarda de órgão do governo".
À GloboNews, a assessoria da OAS afirmou que a construtora não teve acesso às mensagens e informou que só se manifestará nos autos do processo. Já a assessoria de Michel Temer informou que todas as doações que ele recebeu foram declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o vice, não há irregularidade nas doações.
Fonte: Com informações do G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário