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Mulheres deixam de ser vítimas da moda e usufruem da liberdade de estilo

A liberdade ainda é restrita à necessidade de se adequar à vida em sociedade. Por esse motivo, muitas mulheres se vestem e modelam conforme os padrões ou moda que a sociedade induz. Porém, os discursos de empoderamento, as ações e movimentos sociais em prol da liberdade estão encorajando as mulheres a usufruírem da liberdade de estilo que convém a si mesma e não à sociedade. 
A professora e consultora de moda Gizela Falcão explica que, hoje, a liberdade de estilo está tirando as mulheres da posição de vítima da moda em que estavam. “Todas essas mudanças e discussão de gênero e empoderamento mexeram positivamente com a cabeça de muitas mulheres. Muitas delas não são mais tão vítimas da moda como antes. Elas estão se vestindo como gostam e se tratando da forma que gostariam”, explica. 
"A sociedade fazia eu pensar que alisar o cabelo me faria ter uma aparência melhor”, diz Silvia Torres (Foto: Arquivo Pessoal)
Segundo Gizela, sempre terão mulheres com a mentalidade de submissão à sociedade ou ao marido. Os discursos de gênero são que estão reduzindo essa parcela da população feminina e encorajando-as a buscarem seus direitos e fazerem o que desejam. Ela diz que, em pleno século XXI, ainda escuta mulheres dizendo que não vão usar cabelo curto, pois o marido não gosta. 
“A mulher tem que entender que o cabelo é dela e deve usar como quer, como se sentir bem. Quando você vai à Europa, vê muitas mulheres jovens com cabelos completamente brancos; aqui no Brasil, as pessoas criticariam. Talvez seja uma questão cultural, mas também de receio do que as pessoas vão pensar. Conheço uma mulher que não aguentava mais ser escrava de tinta, ela pintava a cada 10 dias. Então, decidiu assumir o branco, mas como está no processo de transição, fica aquela coisa do cabelo com duas cores, dando o ar de desleixo. As pessoas comentam e ela se sente mal. É uma coisa que ela está assumindo e quem somos nós para criticar? Tem um estigma que parece que a mulher não pode envelhecer, mas ela pode sim e deve”, frisa Gizela. 
De acordo com a consultora, a emancipação profissional, financeira e a aceitação do parceiro são alguns dos principais fatores que contribuem para o medo que algumas mulheres têm de assumir o seu estilo. “Pelas minhas experiências, o espírito de tempo tem mudado muito. Mudanças têm acontecido desde a década de 20, na primeira guerra mundial, quando a mulher começa a trabalhar e corta o cabelo curto pela primeira vez. Têm mulheres que são completamente submissas e se vestem conforme o outro quer. Têm medo de não arranjar um emprego com o seu estilo de vestir, ou de não arranjarem um parceiro, ou até mesmo de perder o parceiro por não satisfazê-lo. Mas não é assim. Não pode ser assim”, enfatiza a consultora. 
A Liberdade de estilo permite à mulher se vestir e ter o cabelo desejado. Está ligado ao autoconhecimento e ao amor próprio que ela deve ter consigo mesma. A consultora Gizela Falcão destaca que liberdade é você se vestir para você. Ela lembra que, infelizmente, a maioria das mulheres se vestem para os outros, mas antes de qualquer coisa devem se vestir para elas. “Para mim, a liberdade de estilo é você não ser vítima da moda, vista o que te faz bem”, finaliza. 
Elas deixam o alisante de lado e assumem seus cachos 
 Virou tendência assumir os cachos e deixar o alisante para trás. A consultora Gizela Falcão informa que não existe mais a questão da escravidão da escova. “Hoje, as mulheres estão mais liberais. Se desejam usar o black power, elas usam; se desejam cacheados, usam também. Elas estão se aceitando mais como são e isso é bom. Claro, ainda existe aquela coisa da mulher precisar se aceitar, se amar e fazer o que você desejar, mas eu já vejo um grande progresso”, afirma. 
Kathyuscia Carvalho conta que sofreu críticas quando resolveu assumir seus cachos (Foto: Arquivo Pessoal)
A educadora física Kathyuscia Carvalho assumiu os cachos recentemente. Desde cedo, ela alisava o cabelo para se sentir mais bonita pela sociedade, já que, na época, só mulheres de cabelos lisos eram consideradas bonitas. “Assumi meus cachos recentemente porque só agora as pessoas começaram a aceitar. Meus cachos sempre tiveram volume e, antigamente, esse volume de hoje não era aceito. Os cachos bonitos tinham que ter raiz lisa e cachos só nas pontas e comportados, o meu não era assim, e eu tinha vergonha”, diz. 
Ela explica que assumir os cachos é uma decisão difícil, uma vez que as pessoas criticam e leva um certo tempo para o fio voltar ao natural. “Assumir os cachos é uma decisão extremamente difícil. A transição é um período horrível. O cabelo fica horroroso. Eu passei uns dois anos sem alisar, antes de cortar e assumir os cachos. Era terrível. Quase todo mundo falava que estava feio, meu namorado achava ridículo, ficava me pedindo para alisar de novo. Eu sofri muito, mas passei a primeira fase da transição lutando muito contra os comentários, principalmente os que diziam que, quando eu tinha cabelo liso, era mais bonita”, lembra. Para Kathyuscia, liberdade é viver da forma que deseja e assumir seus cachos foi o auge da sua liberdade. “Depois disso, não me prendo mais a padrão algum”, garante. 
A estudante Silvia Torres também seguiu a tendência da transição capilar. Ao observar que muitas meninas estavam apostando na transição, ela sentiu que também conseguiria. A estudante conta que o medo e a vergonha a impediram de ter assumido os cachos antes. “O medo e a vergonha eram sentimentos que faziam parte do meu cotidiano. Me sentia inibida porque as pessoas me olhavam como se eu fosse uma pessoa estranha e debochavam; não conseguia sair na rua sem sentir vergonha. A sociedade fazia eu pensar que alisar o cabelo me faria ter uma aparência melhor”, diz.

Edição: Virigiane Passos
Por: Karoll Oliveira

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