O ator americano Richard Gere alimenta esperanças de que os movimentos "pró-Trump" sejam algo passageiro, já que, em sua opinião, este tipo de ideologia não tem cabimento em uma sociedade "democrática e inclusiva".
Em entrevista à agência Efe em Miami, onde inaugura a 34ª edição do Festival de Cinema desta cidade, Gere confessou nesta sexta-feira (3) estar preocupado com a situação política dos Estados Unidos e com "os movimentos conservadores" que afloraram e que permitiram que Donald Trump fosse eleito presidente do país.
"O mundo deve ir em direção à inclusão e todos devemos estar unidos", disse o ator, em clara alusão às políticas de "linha dura" contra a imigração irregular que Trump promoveu desde que chegou à Casa Branca.
O galã do cinema dos anos 1980 e 1990, protagonista de filmes como "Gigolô Americano" e "Uma Linda Mulher", acredita que a indústria de Hollywood não tem poder para mudar o mundo, apesar de algumas de suas estrelas, como Meryl Streep, não ocultarem suas críticas ao atual governo.
Gere ressaltou que "as mudanças devem sair de cada um" e, nesse sentido, admitiu ter ficado impressionado com os "protestos espontâneos" surgidos no país desde que Trump assumiu a presidência, e nos quais os participantes expressaram "sua visão sobre como deveria ser o mundo, que passa pela união".
O ator está em Miami para apresentar "Norman: The Moderate Raise and Tragic Fall of a New York Fixer", do qual é protagonista e que abre hoje a edição deste ano do Festival de Cinema de Miami.
Neste longa-metragem de Joseph Cedar, o astro de Hollywood se põe na pele de Norman Oppenheimer, um homem que utiliza suas conexões para ajudar, aparentemente sem pedir nada em troca, a que pessoas das altas esferas do poder político, econômico e social trabalhem conjuntamente "pelo bem do país".
"O diretor criou esta história para falar do que acontecia na política, mas acredito que o que conta pode ser aplicado em qualquer lado", declarou sobre o filme, o qual "fala muito de corrupção", mas também do "compromisso" que os políticos devem adotar pelas sociedades.
Com dezenas de títulos acumulados em seus mais de 40 anos de carreira, e que o elevaram à categoria de estrela de Hollywood, Gere disse que cada papel que interpreta no cinema "é um desafio", como personagens de uma idade avançada como o que faz em "Norman".
Com 67 anos nas costas, o ator garantiu que não vê problemas em interpretar esse tipo de personagem, ao contrário do que se passa com outros de sua geração, pouco dados a protagonizar pessoas de idades avançadas.
"É trabalho, e no fim das contas devo utilizar minha inteligência para alimentar meu personagem e crer em meus instintos para fazê-lo", acrescentou.
Ainda assim, em tom irônico, disse que utiliza sua experiência de veterano na indústria do cinema para manter-se como o símbolo sexual que se tornou nos anos 90.
Antoni Belchi De Miami (EUA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário