Foto: Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo (2.dez.2020) |
A poucas semanas das festas de fim de ano, o Brasil, assim como outros países do mundo, vê uma nova escalada no número de casos de Covid-19. O país se aproxima dos 6,5 milhões de infectados e passa dos 170 mil mortos pela doença causa pelo novo coronavírus.
As taxas de ocupação dos leitos de UTI também têm registrado aumento. No Rio Grande do Sul, dados da Secretaria de Saúde do Estado apontam que 75,9% dos leitos de UTI para adultos do SUS estão ocupados e, na rede privada, a ocupação é de 89,6%.
No Amazonas, a ocupação de leitos reservados para casos de Covid-19 é de 73,6% e, no Rio de Janeiro, hospitais já registram 98% dos leitos ocupados.
Em São Paulo, dados da Secretaria de Saúde do Estado mostram que até essa sexta-feira (4), a taxa já estava em 54,8%. Na rede particular, é de 84%. No estado do Mato Grosso, as internações em UTIs públicas são mais baixas, 32,75% na ala para adultos. (Veja a ocupação em todas as regiões no final da nota)
Os números da pandemia , que pareciam se aproximar da estabilidade, deram a falsa segurança de que a rotina da população poderia ser retomada e, após alguns meses de bares, shoppings, festas e praias lotadas, os números relembram que a Covid-19 ainda é uma ameaça e que os cuidados com higiene e o
isolamento social ainda são de extrema importância.
Assim, a tendência é que o coronavírus afaste a população de mais duas datas importantes do ano: as festas de Natal e de Réveillon.
Autoridades e médicos já começam a se manifestar pedindo que não haja aglomerações nessas datas.
No último dia 23, em uma reunião virtual em Genebra, a líder técnica da Organização Mundial da Saúde para Covid-19, Maria Van Kerkhove alertou que “em algumas situações, a difícil decisão de não ter uma reunião familiar é a aposta mais segura”.
Especialistas brasileiros compartilham dessa opinião. David Uip, infectologista do Hospital Sírio Libanês e membro do Centro de Contingência contra o Coronavírus do governo de São Paulo, alerta que festas devem ser evitadas. “Não dá para colocar 30 indivíduos em um mesmo lugar, não dá
para fazer uma festa com 40 pessoas, pelo menos não agora”.
Ele entende que, neste momento, a consciência da população será fundamental para o caminho que a pandemia irá tomar, já que os especialistas apontam que as aglomerações vistas nos últimos meses
podem ter sido as grandes causadoras do aumento no número de casos da doença.
“A sociedade foi muito parceira o tempo inteiro, inclusive se privando de fazer coisas, de sair, obedeceu às orientações de distanciamento social, mas as pessoas se cansaram. Só que o vírus não se cansou. Então, o que nós estamos vendo é o aumento no número de casos principalmente entre as pessoas que se expuseram de uma forma descuidada. Nós tivemos um feriado atrás do outro e depois vimos o que aconteceu. Se você olhar, o aumento ocorre após aglomerações”, disse o especialista à CNN.
Mas então fica a pergunta: não será possível comemorar o Natal e a chegada de 2021?
A resposta é sim, mas com os devidos cuidados, alertam especialistas. Para Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, “não é momento de viagens, nem de festa. Fique no seu núcleo familiar, fique em grupos restritos, usem máscaras. O risco será menor quanto menos pessoas
estiverem no mesmo ambiente”.
Jamal Suleiman, médico infectologista do Instituto Emílio Ribas, lembra que recorrer à tecnologia pode trazer quem está longe para perto.
“Use a tecnologia a seu favor. Hoje, com um celular você pode fazer chamada de vídeo sem custo nenhum. Natal é aniversário do menino Jesus. Você pode celebrar, pode orar, isso não tem risco. Agora, se você vai ser reunir com pessoas de fora da sua bolha, tem risco e o risco é alto”.
Outro aspecto que preocupa autoridades é que, com a diminuição no número de casos de novo coronavírus nos meses anteriores, muitas pessoas voltaram a frequentar os hospitais.
Estruturas que antes eram reservadas exclusivamente para pacientes com a Covid-19, agora estão desmontadas ou ocupadas por pacientes com outros tipos de doenças.
Uma fase de aumento expressivo no número de casos pode gerar até mesmo um problema de logística dentro dos hospitais.
Na tentativa de evitar problemas maiores, estados como São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro decidiram suspender a realização de cirurgias eletivas. Para João Prats, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, talvez outras medidas sejam necessárias.
“Se começarmos a observar que estamos em uma fase de ascensão de casos novamente expressiva e mantida, acho que é necessário voltarmos a restringir algumas coisas, principalmente situações que geram aglomeração. Devemos voltar a estimular o home office, voltarmos a estimular as pessoas a não irem em festas, intensificar a fiscalização. As coisas podem continuar piorando desde já se o comportamento da população não mudar’.
Taxas de ocupação de UTIs em todas as regiões até o dia 4/12
SUL
Paraná - Ocupação leitos UTI: 89% (adulto) | 55% (pediátrico) | Enfermaria: 66% (adulto) | 38% (pediátrico)
Santa Catarina - Ocupação leitos UTI SUS: 87% (leitos gerais)
Rio Grande do Sul - Leitos UTI Adulto: 80,1% | Leitos enfermaria: 32,5%
SUDESTE
São Paulo - Ocupação Leitos UTI: Estado: 54,8%| Grande SP: 61,7% | Ocupação Leitos Enfermaria: Estado: 43,6% | Grande SP: 55,5%
São Paulo (capital) - Ocupação Geral de UTI: 57% (Hosp. Municipais: 55% | Hosp. Contratualizados: 83%)
Rio de Janeiro - Ocupação UTI: 82% | Enfermaria: 65%
* No total, na rede pública, 428 suspeitos ou confirmados de coronavírus aguardam transferência para leitos de internação, sendo 212 para enfermaria e 216 para UTI, que podem ser regulados para diferentes redes, seja ela municipal, estadual ou federal.
Rio de Janeiro (capital) - UTI: 91% | Enfermaria: 84%
* No momento (e isso é dinâmico) 344 pessoas aguardam transferência para leitos na capital e na Baixada Fluminense, sendo 162 para leitos de UTI Covid. IMPORTANTE DESTACAR que as pessoas que aguardam leito de UTI estão sendo assistidas em leitos de unidades pré-hospitalares, com monitores e respiradores.
Minas Gerais - Ocupação UTI Covid: 22,68% | Leitos clínicos Covid: 7,60%.
*A taxa de ocupação geral de leitos de UTI: 64,12% | e de leitos clínicos: 68,17% para doenças além da Covid-19)
Belo Horizonte (capital) - UTI Covid: 50,6% (SUS + suplementar) | Enfermaria Covid: 47,9% (SUS + suplementar)
Espírito Santo - Ocupação leitos UTI Covid: 80,96% | Enfermaria Covid: 73,66%
CENTRO-OESTE
Distrito Federal - Ocupação de leito adulto: 50,20% | Ocupação de leito pediátrico: 60%
Mato Grosso do Sul - Ocupação Leitos UTI adulto: 79% | Enfermaria adulto: 39% | UTI infantil: 0% | Enfermaria infantil: 6%
Goiás - Ocupação UTI Covid: 49,62% | Ocupação Enfermaria Covid: 33,15%
Goiânia - UTI: 35,45% | Ocupação Enfermaria: 30,65%
Mato Grosso - Ocupação Leitos UTI: 35,24% | Leitos de UTI pediátrica: 40%
NORDESTE
Bahia - Ocupação UTI adulto: 73% | UTI pediátrica: 67% | Enfermaria adulto: 50% | Enfermaria pediátrica: 57%
Alagoas - Ocupação UTI: 45% | UTI Intermediária: 27% | Leitos clínicos: 33%
Maceió - Ocupação Leitos UTI Covid: 49% | U Intermediária: 47% | Leitos c/ respirador: 48% | Leitos Clínicos Covid: 50%
Rio Grande do Norte - Ocupação leitos de UTI para Covid-19: 45.34% / Leitos clínicos: 63.27%
Ocupação Reg. Metropolitana: 56,7% | Oeste: 86,4% | Seridó: 52%
Ceará - UTI Estado: 61,38% | Enfermaria: 35,38%
Fortaleza (capital) - UTI: 67,82% | Enfermaria: 56,78%
Pernambuco - Leitos de UTI: 86% | Leitos de enfermaria: 70%
Piauí - Ocupação leitos de UTI: 52,7% | Ocupação leitos clínicos: 42,4% | Ocupação leitos de estabilização: 15,5%
Maranhão - Ocupação UTI Grande Ilha (São Luís): 34,83% | Leitos clínicos: 31,85%
Paraíba - Leitos de UTI do estado: 55%
Região Metropolitana de João Pessoa (capital) - UTI: 67%
Sergipe - Taxa ocupação UTI Adulto: 58,3% público | 80,0% privado | Ocupação enfermaria: 55,2% público | 68,3% privado
NORTE
Acre - UTI Covid-19: 59% - 13 leitos ocupados de 22 | Enfermaria Covid: 58,9% - 43 leitos ocupados de 72
Tocantins – UTI: 36% | Enfermaria: 19%
Rondônia - Ocupação UTI Macrorregião I: 58,2% | Ocupação Leitos de UTI Macrorregião II: 61,1%
Roraima - UTI: 38% | Clínicos: 30%
Amazonas - Ocupação leitos UTI Covid: 78,7% | Enfermaria Covid: 53,8%
Amapá - Ocupação UTI Adulto: 75,41% (público) | Enfermaria adulto: 67,94% (público) | UTI Infantil: 0% | Enfermaria infantil: 33,33%
Pará - UTI: 54,05% | Enfermaria: 40,82%
(Com informações de Ludmila Candal)
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