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Opinião: Votos - Nordeste virou Alemanha


Por Miguel Dias Pinheiro*

Indiscutivelmente, a disputa eleitoral mostrou mais uma vez a quase que insuplantável polarização entre PT e PSDB, demonstrando outra vez que os dois partidos ainda desfrutam da hegemonia do eleitorado brasileiro no quesito sucessão presidencial.

Porém, a grande surpresa dessa eleição foi mesmo a “goleada” do Nordeste sobre a votação das outras regiões do Brasil, que mais pareceu os 7x1 da Alemanha na Copa do Mundo. Não pretendo aqui entrar no mérito de um país dividido, mas a maioria de 71,69% na região nordestina, com uma diferença pró-Dilma de mais de 12 milhões de votos sobre Aécio. No Norte, a presidenta reeleita ganhou por 56,54% contra 43,46%. A vantagem na região chegou um pouco mais de 1 milhão de votos.

Em termos percentuais, Aécio conseguiu a maior vantagem no Sul, onde venceu Dilma por 58,9% a 41,1%. No Centro-Oeste, o candidato da oposição obteve 57,42%, contra 42,58% da presidenta. No Sudeste, Aécio venceu por 56,18% a 43,82%.

Nada disso, porém, correspondeu à “chuva” de votos, à “goleada” nas urnas imposta pelo Nordeste brasileiro a um candidato à presidência da República. Um vitória extraordinária que na minha opinião teve um motivo muito simples: a região ficou magoada com as agressões sofridas, de que por aqui somos desinformados.

Às 20:18h, tão logo o TSE abriu as informações dando conta de que Dilma estava reeleita, a “elite” sulista disparou as últimas ofensas ao Nordeste nas redes sociais: “Cambada de nordestinos malditos, nós de São Paulo sustentamos o país e ainda temos que eleger a maldita da Dilma que compra votos desses cabeças chatas vagabundos que ainda vêem para Sampa tentar a vida, seus filhos da p… se depender de mim vai todo mundo queimar no inferno, coisa ruim se mata no ninho”.

Não tenho a menor dúvida de que o preconceito contribuiu não só para derrotar Aécio, mas, também, para a vitória de Dilma, que terminou mostrando um país indignado com tanto ódio destilado ao povo mais sofrido do Brasil, xingando-nos e acabando com nossa índole.

No primeiro para o segundo tempo da eleição, o Nordeste apanhou feio. Porém, no final do “jogo” terminou por aplicar uma “goleada” histórica sobre aqueles que continuam entendendo que todo o mal do Brasil está entre nós como classe social inferiorizada.

O discurso de separar contribuiu. O discurso nas redes sociais de pregar o “separativismo” contribuiu para a revolta do povo nordestino nas urnas. Nas postagens contra os nordestinos estão inseridos os absurdos do preconceito e da discriminação, o mais perigoso sentimento humano.

Atacar o Nordeste da forma como atacaram foi errar o alvo! No final da eleição, o feitiço acabou virando contra o feiticeiro, porque em duas regiões ricas do país - Minas Gerais e Rio de Janeiro – o tucano Aécio Neves perdeu e nem por isso devamos achar que esses eleitores de uma parte significativa do sudeste sejam desinformados.

Nunca é tarde lembrar que nas duas vezes que Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi eleito, venceu no Nordeste. E bem! Naquela época não existia Facebook e Twitter para que o preconceito aflorasse com tanta força e fúria. Se existisse, talvez FHC jamais tivesse tido presidente do Brasil. Não tenho a menor dúvida disso!

*Advogado

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