Em 12 anos, o custo unitário do voto no Brasil saltou até 661%, dependendo do cargo em disputa. É o que assegura estudo do Centro de Pesquisa e Economia do Setor Público (Cepesp), que atribui esse avanço a uma competição sem limites onde o aumento do poder financeiro de um competidor leva o outro a aumentar os investimentos da mesma forma.
O cálculo do Cepesp leva em conta as prestações de contas dos candidatos nas eleições gerais desde 2002. Naquele ano, divido o gasto declarado na campanha pelo número de votos alcançado, cada voto dado a um candidato à Presidência saiu por R$ 1,25 . Em 2014 chegou a R$ 9,52, um aumento de 661,52%, segundo valores atualizados em dezembro passado.
No caso de outros cargos o aumento não é tão grande, mas os valores são maiores. O voto médio de uma candidatura a deputado federal, por exemplo, saltou 173,85% ao passar de R$ 6,65 em 2002 para R$ 18,20 em 2014. O voto unitário mais caro, segundo os valores declarados, é para governador: R$ 19,30 em 2014. A Tabela abaixo mostra a variação nos valores.
O estudo do Cepesp defende uma reforma política que tenha como principal objetivo a redução dos custos de campanha. Ressalta que, “se um partido aumenta seus gastos não há outra alternativa para o partido competidor que não seja aumentar também o investimento em gastos de campanha. Este processo se revelou insustentável”.
Fenelon Rocha
Caixa 2 eleva valor real do voto a R$ 200
Mas o que parece dramático pode ficar pior. Sim, porque os valores médios do voto apontados pelo Cepesp levam em conta somente o que foi oficialmente declarado. E os escândalos como Mensalão e as investigações da Lava Jato mostram que o caixa 2 faz parte de praticamente todas as campanhas brasileiros, em todos os níveis.
Só para se ter uma ideia, tome-se o caso da disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados pelo estado do Piauí. Informações de bastidor apontam que dos dez deputados federais eleitos em 2014, nove fizeram campanhas com gastos superiores a R$ 100 por cada voto conseguido. Em alguns casos, esse valor médio chegou aos R$ 200 por voto – o que leva o custo final de algumas campanhas a cerca de R$ 20 milhões.
Apenas para lembrar: em quatro anos, a soma de salários de um deputado federal não chega a R$ 2 milhões.
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