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A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras foi até Curitiba, onde estão presos os investigados da operação Lava Jato, mas dos 14 depoimentos realizados, apenas quatro interrogados responderam as perguntas dos deputados.
Na segunda-feira (11), o doleiro Alberto Youssef e a empresária Iara Galdina falaram. Ontem, responderam aos questionamentos dos deputados a doleira Nelma Kodama e o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE).
Youssef disse que acredita que o Palácio do Planalto sabia do esquema de corrupção da Petrobras, mas ele já tinha dito isso em depoimentos anteriores. Iara admitiu que abriu empresas de fachada que eram usadas para ações ilícitas de câmbio, mas declarou que não conhecia o esquema de corrupção na estatal. Nelma chamou atenção por cantar uma música de Roberto Carlos e por afirmar que não foi presa com euros na calcinha, mas não se recusou a responder questões envolvendo políticos.
Apenas o ex-deputado Pedro Corrêa afirmou que ouviu do ex-deputado José Janene (PP), morto em 2010, de que a indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Serviços da Petrobras tinha chancela de Lula, mas não apresentou provas. "Se espremer muito, dá para ver que é um depoimento que não tem muito a acrescentar", disse o vice-presidente da CPI, deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA).
O ex-deputado Luiz Argôlo se recusou a responder às perguntas dos parlamentares e negou envolvimento no esquema. Já o ex-deputado André Vargas (sem partido-PR) se disse injustiçado por ter sido envolvido no escândalo e reafirmou que é amigo antigo de Youssef. Na prática, os parlamentares não revelaram nada novo para a investigação.
Questionados sobre a real eficiência de depoimentos pouco esclarecedores para a investigação, os deputados minimizaram os efeitos dos interrogatórios vazios.
"Tem muita coisa que já estava lá [na delação premiada de Youssef]. Uma coisa é estar nos autos, a outra é falar aqui diante de toda imprensa. Tudo isso dá mais credibilidade e sensibilidade a essas informações. A CPI tem disso também. Ela dá suporte político à operação Lava Jato. Quando vem aqui um Alberto Youssef e confirma tudo que ele disse, isso dá respaldo ao trabalho do juiz Sérgio Moro e da Polícia Federal", declarou Imbassahy.
O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), disse lamentar o silêncio de alguns depoentes. "Era uma oportunidade de ser defender. Foi um ponto que frustrou um pouco. Mas o que resolveram falar trouxeram informações muito importantes."
"A vinda da CPI era importante, os presos foram ouvidos. Mesmo que eles recorram o direito de não falarem, é um direito deles. Isso passa para nós a necessidade das quebras dos sigilos. Nós apresentamos os requerimentos de quebra e eles não foram votados até o momento. Isso, no meu entendimento, retarda o trabalho e faz com que nossos trabalhos estejam muito atrás dos trabalhos do juiz Sérgio Moro", defendeu a deputada Eliziane Gama (PPS-MA).

Corporativismo?

Desde que a CPI começou a interrogar investigados, é comum que os deputados se direcionem aos depoentes envolvidos no esquema de corrupção de forma agressiva, com ilações e acusações de que essas pessoas roubaram o país.
As audiências em Curitiba não foram diferentes. Houve bate-boca entre deputados e presos e o advogado de Fernando Soares, o Baiano, David Azevedo, se exaltou e chegou a interromper parte dos depoimentos.
A veemência, no entanto, só não foi identificada durante os interrogatórios dos ex-deputados Vargas, Luiz Argôlo e Corrêa.
Os parlamentares na maior parte do tempo mantiveram o tom cordial. Essa postura só foi evidenciada quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que também é investigado por suspeita de receber recursos do esquema, prestou depoimento espontâneo na CPI.
Vários dos parlamentares não quiseram fazer suas perguntas quando o interrogado era um dos três ex-deputados presos. Nem mesmo o responsável pelo parecer que recomendou a cassação de Vargas no Conselho de Ética, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), o inquiriu na audiência da CPI.
Ao ser perguntado sobre um possível corporativismo por parte dos parlamentares, o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse não ver diferença na forma de interrogar dos colegas.
"Eu sinceramente não notei diferença nas indagações. Na verdade por serem ex-parlamentares os integrantes da Câmara podem terem esse comportamento. Eu apenas tenho que dizer que nosso trabalho aqui é fazer as perguntas para tentar arrancar as informações. Pata tentar saber como essas pessoas estão envolvidas. A CPI mostra de maneira muito clara que não há nenhum tipo de protecionismo, nenhum tipo de corporativismo", declarou Motta.
Bruna Borges
Do UOL, em Curitiba

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