Educaçâo

Doação recorde da Receita Federal salva 2015 dos museus

O que era para ser um ano medíocre acabou sendo, surpreendentemente, uma temporada bastante proveitosa na área de arte e museus no Brasil. Isso por conta de uma insólita combinação de ações: a apreensão recorde de obras de arte por parte da Receita Federal e a intensificação da política de doações (tanto de entes privados quanto públicos) para museus.
Segundo a assessoria de imprensa da Receita Federal, foram destinadas 149 obras para museus federais (pinturas, gravuras e tapeçarias) no ano que termina, peças avaliadas em cerca de R$ 8 milhões. A destinação de bens apreendidos é recente e foi regulada pela Lei 12.840/2013 (e pela portaria MF/MinC 506/2014). Acontece que em 2014, pela Lei Eleitoral, não foi possível à Receita fazer as doações - a legislação proíbe. Assim, pelo acúmulo de obras sob sua guarda, 2015 acaba com uma marca excepcional.
O Museu Nacional de Belas Artes, do Rio, por exemplo, recebeu em 2015 um lote de vinte obras de arte repassado pela Receita Federal. Estão nesse momento em exibição na mostra Apreensões e Objetos do desejo: obras doadas pela Receita Federal ao MNBA. A exposição inclui trabalhos do italiano Michelangelo Pistoleto, do indiano Anish Kapoor, do inglês Antony Gormley, da francesa Niki de Saint-Phale, do argentino Miguel Ángel Ríos, entre outros.
O Museu da Abolição, em Recife (PE), e o Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, receberam seis bens culturais apreendidos pela Receita Federal. Integram o conjunto a pintura Bahia-Brasil, atribuída a Wim L. Van Dÿc (que foi para o Museu Histórico Nacional); além de quatro telas sem moldura de autoria de Maurício Kuhlman e o livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (Paris, 1955), de Jean-Baptiste Debret, e gravuras associadas (estes últimos doados ao Museu da Abolição).
Em outro lote doado, o Museu Nacional de Belas Artes recebeu ainda a pintura Mangueïrengruppe (grupo de mangueiras), do artista austríaco naturalista Joseph Selleny, do século 19; o Museu da Abolição (PE) recebeu duas esculturas intituladas Negros Venezianos suportando resposteiros, representação artística de escravos do século 19; o Museu da República (RJ) recebeu a obra de Luís Ribeiro, Rio de Janeiro – Baia de Guanabara, de 1899, cena marítima da então capital federal, nos primeiros momentos da República. A tela Le Corcovade, de Henri Langerock, de cerca de 1880, foi destinada ao Museu Imperial (RJ); outra pintura, O Martírio das onze mil virgens, da escola flamenca do século 17, foi destinada ao Museu Histórico Nacional (RJ), que também recebeu a série de tapeçarias Noblemen in the Garden e uma tapeçaria em fio de lã, de 1739. Ruth Beatriz, diretora do MHN, diz que, com essas peças, o museu forma um conjunto de tapeçarias jamais visto no Brasil.

Novas aquisições

As notícias são boas também da esfera privada. Neste mês, o Instituto Brasileiro de Museus (órgão do Ministério da Cultura), em parceria com o Itaú Cultural, anunciou a doação de 2.200 obras de arte às secretarias de Cultura e sistemas de museus dos Estados para distribuição a museus e demais acervos públicos do país. As obras são, principalmente, gravuras, nas mais variadas técnicas: litogravura, xilogravura, serigrafia e metal, de artistas brasileiros e estrangeiros. A iniciativa tem como foco a formação e ampliação de acervos públicos.
O Itaú já tinha doado, em 2013 (também com intermediação do Ibram), 500 obras, que foram destinadas a cinco Estados: São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco. Agora, as obras vão para 11 estados: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Segundo o Ibram, essa destinação foi definida em função da existência de sistemas de museus estruturados e do montante de museus em cada Estado.
Jotabê Medeiros
Colaboração para o UOL, em São Paulo

Parnaiba em Foco Todos direitos reservados http://www.reavendonoticiaesports.com/ Copyright © 2012 - 2015

Imagens de tema por friztin. Tecnologia do Blogger.