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Opinião: queda na Série D é desenho das decisões erradas do River-PI, que fica "sem série" após ano pavoroso

João Gabriel, River-PI: principal nome do Galo na Série D
 — Foto: Victor Costa/RiverAC

Tricolor encerra 2020 com nenhum objetivo concluído, com planejamento cheio de remendos que resultou em futebol frustrante e ruim. Eliminação para o Galvez, na segunda fase, faz time virar um fantasma, desaparecendo do calendário de competições nacionais em 2021

A queda precoce do River-PI ainda na segunda fase da Série D do Brasileirão, após derrota por 1 a 0 em casa, no estádio Albertão, em Teresina, para o Galvez finalizou um ano ruim, de insucessos do Tricolor. Acumulando fracassos, a eliminação do Brasileiro foi mais um golpe de um 2020 onde o Galo se transformou em um fantasma do futebol brasileiro. Agora “sem série”, o clube desaparece do cenário e vira um pequeno coadjuvante – papel que não condiz com sua gloriosa história.

É fácil escrever o que deu de errado quando o resultado acontece. Contudo, ao longo da temporada, nos primeiros meses antes da paralisação por conta da pandemia de Covid-19, e na retomada do futebol, desde julho, foram dados vários sinais que o time em campo teria dificuldades.

O revés para o Galvez foi o último desses alertas: decisões erradas da cúpula que gere o futebol tricolor, principalmente em contratação de jogadores, formação de time, tornaram o futebol cheio de remendos, limitado e que nunca passou confiança à torcida. Na Série D, a sensação passada com a eliminação é de um time que parou onde deveria mesmo parar.

A lista de vexames de 2020 é grande. Eliminações na Copa do Nordeste (com a pior campanha do regional) e na Copa do Brasil (na segunda fase, nos pênaltis, para o América-RN dentro do Albertão) podem ter desculpas aceitáveis. O Campeonato Piauiense, não.

O River-PI não conseguiu montar um time para sequer brigar pela classificação à final. O maior vencedor do estadual, flertou por várias vezes com o rebaixamento, foi presa fácil para os clubes da ponta da tabela e só safou de uma humilhante ida à Série B na penúltima rodada.

E foi justamente o Campeonato Piauiense que atrapalhou o clube na Série D – competição que poderia trazer algum alento em 2020. Ao ter que dividir atenções com estadual, devido à necessidade de se fugir do rebaixamento, o River-PI perdeu o atacante que fez falta nos duelos contra o Galvez. Weslley Smith se machucou em Piripiri, contra o 4 de Julho, e fez falta. Além dele, o meia Marcos Vinícius também se lesionou no estadual.

Como Flávio Araújo ressaltou: o Campeonato Piauiense era uma herança maldita, porém ele sabia que esse desafio deveria ser enfrentado por ele e sua comissão.

O River-PI, entretanto, não tinha condições de disputar duas competições de forma simultânea, com o plantel que tinha – grupo também marcado por passagens no departamento médico. Max voltou contra o Galvez, entrou no segundo tempo, mas só ficou em campo por 19 minutos. O quadro do atacante nunca foi detalhado pelo Tricolor.

Sem gente para compor o ataque, Flávio Araújo precisou recorrer a jogadores que tiveram pouco tempo de treino com o restante do elenco e foram testados logo com o jogo valendo. Netho Brasil, ex-Flamengo-PI, e Levi [substituto de Bruninho, que jogou somente no Albertão, contra o Galvez]. A tentativa era um retalho emergencial para se tentar alguma coisa – Netho foi até bem na ida, no Acre, mas desapareceu no Albertão. Levi foi pouco efetivo.

Na despedida contra o Galvez, o River-PI confirmou algo já comentado: não teve um time com vocação para o ataque [foram 22 gols em 16 partidas na Série D, média de 1,3]. Para quem precisava de gols na segunda partida do mata-mata, andou muito distante. Érico Júnior, Emanuel e Erivan viveram oscilações de rendimento que prejudicaram os setor. Era o que se tinha. Na última bola, no Albertão, Emanuel ficou de frente para o gol, mas isolou.

É preciso tirar de toda eliminação (nesta temporada, foram quatro) algo que se possa aprender, refletir para nunca repetir erros. E o River-PI vai ter muito tempo para isso, e entender que 2020 não é para apagar da memória – porque se você passa a borracha, esquece. Se esquecer, os traumas de 2020 poderão se repetir no futuro. E a torcida do Tricolor do Piauí não merece viver novamente um 2020 pavoroso.

Algo pode salvar o 2020 do River-PI. Se o Altos for campeão piauiense, o Galo joga a pré-Copa do Nordeste contra o Globo FC, tentativa de entrar na fase de grupos do Nordestão. Só que isso não depende das forças do clube tricolor.

Josiel Martins 

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